Falar de estresse todo mundo fala – mas pouca
gente sabe o que, de fato, é esse mal. "A s pessoas usam essa palavra
para dizer que o dia foi corrido, com um monte de coisas para fazer, mas
isso não necessariamente gera sinais de estresse, um mecanismo
fisiológico sem o qual nem o ser humano nem os animais teriam
sobrevivido até os dias de hoje", diz Selma Bordin, psicóloga do
Hospital Israelita Albert Einstein.
Quando
nossos ancestrais se deparavam com situações de perigo, como o encontro
inesperado com um animal, precisavam defender-se – seja atacando ou
fugindo. As duas reações possíveis demandam uma série de ajustes do
corpo. "O batimento cardíaco acelera porque tem que bombear mais sangue,
os músculos precisam receber mais energia, há um aumento da respiração e
da pressão arterial, entre outras coisas", explica a dra. Selma.Atualmente, vivendo em cidades e enfrentando problemas bem diversos dos da selva – como pressões para atingir metas –, o corpo continua preparando-nos para lutar ou fugir quando nos sentimos ameaçados. Mas, em geral, não partimos para a briga física, nem saímos em disparada. E toda a adrenalina, por exemplo, liberada em nosso sangue, fica sem função.
Sinais
Ninguém adoece, devido ao estresse, de um dia para o outro . E o próprio corpo avisa que as coisas não vão bem, basta prestar atenção. Confira alguns sinais que podem indicar estresse:- sensação de desgaste constante
- alteração de sono (dormir demais ou pouco)
- tensão muscular
- formigamento (na face ou nas mãos, por exemplo)
- problemas de pele
- hipertensão
- mudança de apetite
- alterações de humor
- perda de interesse pelas coisas
- problemas de atenção, concentração e memória
- ansiedade
- depressão
Causas
Os chamados estressores podem ser:- internos: da própria pessoa, ligados a características de personalidade, como perfeccionismo, pressa, querer fazer tudo ao mesmo tempo.
- externos: do ambiente. Mudanças em geral, até mesmo as positivas, desencadeiam estresse – porque exigem uma adaptação. Assim, são grandes fatores estressantes externos, por exemplo: o nascimento de um filho, mudanças profissionais (troca de emprego, promoção, demissão), aposentadoria, mudança de casa, divórcio, doença ou morte de pessoas queridas. Mas há também os pequenos, como o trânsito, que pode acabar tendo um peso importante para muitas pessoas.
Veja o potencial estressante de algumas situações, sendo 100 o maior possível*.
- morte do cônjuge - 100
- divórcio - 73
- prisão - 63
- morte de um parente querido - 63
- casamento - 50
- demissão do trabalho - 47
- aposentadoria - 45
- reconciliação conjugal - 45
- gravidez - 40
- grandes conquistas pessoais - 28
- problemas com o chefe - 23
- férias - 13
Como evitar e tratar
É bom lembrar que estresse todo mundo tem, mas até certo ponto. No dia-a-dia, situações diversas apresentam-se para as pessoas, que se adaptam a elas. "É preciso ter estresse para poder viver. O problema é quando ele se torna excessivo, quando supera a capacidade de adaptação da pessoa ou quando ele persiste por muito tempo", alerta a psicóloga.Algumas atitudes simples podem evitar ou amenizar o estresse:
- dormir direito
- cuidar da saúde
- alimentar-se de forma saudável
- fazer atividades físicas
- proporcionar-se momentos de prazer
- refletir sobre a maneira de lidar com as situações e buscar mudanças
Três procedimentos ajudam a tratar o estresse:
- identificar os estressores
- aumentar a resistência pessoal a ele
- quando for possível, eliminá-lo
Já os estressores internos, aqueles que são resultado de características de personalidade, requerem um trabalho maior. "Ninguém muda com pequenas dicas, e psicoterapia pode ser necessária. Quando o jeito de lidar com as coisas é problemático, é aconselhável procurar um psicólogo", orienta a dra Selma.
Importante: em nenhum momento deve-se lançar mão da automedicação. "Não existe medicação para tratar estresse. Alguns médicos prescrevem complexos vitamínicos. Se o estresse for crônico e evoluir para um estado depressivo ou ansioso, encaminhamos para avaliação de um psiquiatra", explica.
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